A estiagem dos últimos meses já causa perdas irreversíveis para as safras de milho e soja em áreas do Centro-Sul do Brasil. Segundo o analista de mercado, Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, já há registro de quebras parciais nessas regiões. Com isso, a estimativa total de safra deve ser revista.
“Para o milho 1ª safra 2022, temos uma perda de 70% no Rio Grande do Sul até o momento, 43% em Santa Catarina, 42% no Paraná e 25% em Mato Grosso do Sul. Somando todas as safras, se esperava uma produção de 120,8 milhões de toneladas em 2021/22, agora, devemos ter 111,9 milhões”, pontua.
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Segundo o analista, pode haver alguma recuperação desse volume com a maior produção da segunda safra de milho, que pode crescer mesmo com uma área plantada reduzida.
Carlos Cogo também apresentou o cenário de perdas para a soja. Assim como no milho, o percentual de perdas é maior no Rio Grande do Sul, com 49%, seguido pelo Paraná com 38% e Santa Catarina, com 30% de perdas na safra.
“São perdas parciais, mas que já modificam a estimativa de produção final, já que inicialmente eram esperados 145,7 milhões de toneladas e agora a projeção é de 125,7 milhões de toneladas, uma perda de 20 milhões de toneladas”, aponta Cogo.
Diante do cenário de perdas por conta da seca, os preços dos principais grãos produzidos no Brasil sobem. “Temos um cenário altista no mercado externo mas que ainda não foi precificado nas bolsas internacionais, uma vez que o USDA ainda não considera as perdas recentes por conta do clima”.
Cogo lembra que a nível interno os preços estão mais valorizados no momento. “Por aqui a tendência também é de alta para a soja e milho, com o milho voltando para casa dos R$ 100 a saca, enquanto a soja está voltando para o patamar dos R$ 200”.