A cultura da soja é a principal commodity do agronegócio brasileiro e tem grande relevância no mercado externo. No entanto, desde a semeadura até a colheita, a oleaginosa está sujeita ao ataque de pragas que podem comprometer seriamente a produtividade.
Por isso, conhecer o impacto desses insetos na lavoura é essencial para planejar ações preventivas e decidir pelas técnicas de manejo mais adequadas diante de cada situação. O monitoramento constante e a aplicação de inseticida, associado às ferramentas disponíveis para o Manejo Integrado de Pragas, fazem parte das boas práticas agrícolas do campo.
Dentre as pragas mais preocupantes, podemos destacar as lagartas como uma das mais ameaçadoras para a produtividade devido ao alto grau de destruição que provocam e pela sua rápida proliferação. Conheça as cinco principais espécies e suas características na lavoura de soja:
Uma das lagartas mais preocupantes no cultivo de soja, a Helicoverpa (Helicoverpa armigera) se alimenta tanto das estruturas vegetativas quanto reprodutivas das plantas, causando prejuízos elevados à lavoura. Seu potencial de reprodução é alto e possui um ciclo de vida de 30 a 60 dias.
A Helicoverpa passa por seis estágios até completar seu desenvolvimento e, inicialmente, alimenta-se de partes mais tenras das plantas, onde pode produzir um tipo de teia. À medida que se desenvolve, adquire diferentes colorações, listras laterais e apresenta pelos de cor branca na parte frontal.
A lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens) recebe esse nome devido à sua forma de locomoção, dobrando o corpo, movimento que se assemelha à medição de palmos, e pode ter um ciclo de vida entre 27 e 34 dias.
Essa lagarta raspa as folhas, provocando manchas claras. Ao consumir o limbo, mantém as nervuras intactas e deixa a folha com aspecto rendilhado. Além disso, a lagarta pode danificar as folhas por completo, deixando-as com as hastes mais finas.
Apresenta coloração verde-clara, listras longitudinais brancas e pontuações pretas ao longo do corpo. Quando adultas, apresentam duas manchas prateadas no primeiro par de asas, sendo as posteriores de cor marrom.
O ataque da lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania) na soja acontece, principalmente, no final do ciclo da cultura. O principal dano que essa espécie causa é a desfolha severa da lavoura, impedindo o desenvolvimento normal das plantas e facilitando a entrada de fungos que provocam o apodrecimento das vagens.
As lagartas têm coloração esverdeada e, quando estão totalmente desenvolvidas, apresentam uma listra dorsal e duas listras longitudinais amareladas na lateral, sendo que uma destas é interrompida por uma mancha escura no tórax.
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma praga polífoga. Sua ocorrência na cultura da soja tem preocupado os produtores devido aos danos severos causados em praticamente todo o ciclo da cultura.
Essas pragas atacam plântulas, hastes e pecíolos das plantas de soja, tanto nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura quanto nas fases mais avançadas. Apresenta um “Y” invertido na cabeça, listras claras no dorso e quatro pontos pretos no final do abdômen.
A lagarta-preta-da-soja (Spodoptera cosmioides) é uma praga que pode causar a desfolha total da lavoura e que também ataca as vagens, prejudicando o desenvolvimento e a produtividade da cultura.
Geralmente, apresenta coloração marrom ou preta e listras amareladas que se prolongam até à cabeça, além de pontuações douradas ou brancas e triângulos pretos no dorso, distribuídos ao longo das listras.
Para controlar as pragas na lavoura de soja, o produtor rural pode adotar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Composto por várias medidas que, aplicadas em conjunto, proporcionam a prevenção das infestações, o MIP combate as lagartas de difícil controle. Exemplos de boas práticas agrícolas indicadas pela AdTech Macfor:
– Rotação de culturas: tem o objetivo de alternar diferentes culturas, que não sejam hospedeiras das mesmas pragas, em uma mesma área, contribuindo para a quebra e interrupção do ciclo de desenvolvimento dessas espécies.
– Cultivares resistentes: confere proteção à planta contra determinadas espécies de pragas.
– Tratamento de sementes: as sementes ficam protegidas com soluções inseticidas para soja, evitando o ataque de pragas iniciais, além de proporcionar um melhor estabelecimento do estande.
Controle químico: a utilização de inseticida para soja é uma etapa importante e que deve ser realizada antes que as pragas atinjam níveis populacionais que causem danos econômicos à cultura. É importante que essas soluções sejam eficientes no controle da praga-alvo.