Embora os avanços tecnológicos na agricultura tenham contribuído com a produção do setor, eles também trouxeram novas preocupações aos produtores. Entre elas, a maior complexidade dos circuitos hidráulicos dos pulverizadores modernos, elevando não só a capacidade operacional das máquinas, mas também a dificuldade de sua limpeza ou descontaminação.
Agentes limpantes e descontaminantes
Os agentes limpantes são produtos que têm a função de retirar resíduos de agroquímicos do circuito hidráulico sem inativar o ingrediente ativo. Entre eles estão os detergentes, ácidos, bases e ésteres. Estes produtos são, geralmente, mais baratos e não requerem produtos específicos para cada ingrediente ativo.
Já os descontaminantes têm a função de inativar as moléculas do ingrediente ativo presente no circuito hidráulico do pulverizador, sendo também chamados de inativadores. Por atuarem de forma mais específica sobre alguns ingredientes ativos, demandam testes prévios sobre o agroquímico que se pretende inativar para atestar sua ação. Entre eles destacam-se o amoníaco, o peróxido de hidrogênio e o ozônio.
A indústria química tem desenvolvido produtos específicos para inativar determinados herbicidas. Isso permite seu uso com menor risco de contaminação cruzada, mas demandam testes que determinem a concentração que devem ser usados para obtenção da eficácia.
Tipos de pulverizador
Os equipamentos de circuito simples e menos sofisticados e com poucos pontos de restrição, como pulverizadores costais são mais fáceis de limpar, sendo que, normalmente o uso de detergentes associados a procedimentos simples como a tríplice lavagem são suficientes. Além disso, por se tratar de equipamentos de pequena capacidade, o volume de líquido residual das lavagens não representa um grande problema ambiental no descarte. Este líquido residual deve ser descartado na área agrícola onde o agroquímico foi aplicado ou em área de manejo.
Os pulverizadores de circuito combinado como os montados e de arrasto já apresentam alguns pontos de restrição como filtros, antigotejadores e eventualmente fluxômetros, os quais devem ser retirados e limpos separadamente para melhorar o processo exigindo, portando, maior rigor na sua limpeza.
Os equipamentos com circuitos hidráulicos complexos como os autopropelidos são os mais difíceis de se assegurar uma limpeza eficaz, independentemente do método ou do produto usado.
Sugere-se neste caso, que ao final do turno diário de trabalho, o pulverizador seja limpo antes da máquina ser guardada. Ao considerar que a limpeza será efetuada pelo menos em três etapas (tríplice lavagem) e se tratando de equipamentos com elevada capacidade do tanque, o volume residual será, da mesma forma, bastante elevado, requerendo tempo e área agrícola ou de manejo suficientes para o devido descarte.
Embora existam procedimentos e produtos recomendados para a limpeza, o conhecimento das dificuldades e limitações de cada equipamento e a adoção de medidas especificas para estes casos pode ser mais eficiente que medidas gerais.
Deve-se considerar ainda, que o mercado continuará oferecendo novos agroquímicos, que terão maiores riscos de contaminação do pulverizador que os produtos atuais, somado ao fato de que a complexidade dos circuitos hidráulicos dos pulverizadores continuará aumentando, impondo ao usuário cuidados especiais não só em sua calibração, configuração e operação, mas também na forma de limpeza.